Ferro 3
de Kim Ki-Duk
Tae-suk vagueia na sua mota em busca de casas vazias onde possa ficar. Vai de porta em porta deixando folhetos em cada casa. Mais tarde, entra naquela em que o folheto não tenha sido retirado, partindo do princípio que o dono está fora.
Tae-suk fica aí a viver até que os donos regressem, mas nunca rouba ou estraga nada dentro de casa. Simplesmente, guarda-a durante alguns dias, arranja objectos estragados, e até lava a roupa. Quando se vai embora, volta a deixar tudo tal como antes.
Vive assim repetidamente até que, um dia, se escapa para uma casa rica e encontra o seu destino – uma mulher casada chamada Sun-hwa que sofre tormentos às mãos do seu marido. Enquanto Tae-suk se esgueira pela casa, Sun-hwa esconde-se no escuro e espreita-o silenciosamente. No início, tem medo dele, mas, quando o vê a arranjar uma régua partida, percebe que ele não é um ladrão e continua a esconder-se para o observar.
Nessa noite, Tae-suk acorda petrificado quando descobre Sun-hwa a olhar para ele. Começa a correr, mas o telefone toca de repente. É o marido de Sun-hwa. Escuta a conversa deles e percebe que Sun-hwa leva um casamento miserável. Sun-hwa olha silenciosamente para ele como se lhe estivesse a pedir que a salvasse. Mas Tae-suk vira-se de costas e vai embora.
Mas, mesmo depois de partir, Tae-suk não consegue deixar de pensar nos olhos tristes e suplicantes de Sun-hwa. Quanto mais tenta esquecê-la, mais vívida se torna a imagem de Sun-hwa. Então, Tae-suk volta a esgueirar-se novamente para casa dela, e observa-a em silêncio. Ela chora piedosamente e depois vai tomar um banho. Depois de a observar durante algum tempo, Tae-suk põe musica para apaziguar a sua alma. Prepara-lhe a roupa enquanto ela está no banho. Sun-hwa pressente que Tae- Suk regressou por ela e começa a sentir-se confortável. Mas o seu conforto transforma-se em amargura quando o seu marido chega a casa e a tenta forçar a dormir com ele.
Tae-suk vê isto e fica furioso. Agarra num taco 3 e lança-o às bolas de golfe que estão no chão. As bolas atingem o marido várias vezes. Quando ele fica sem sentidos, Tae-suk foge com Sun-hwa.
Juntamente com a sua nova parceira, Tae-suk e Sun-hwa deixa folhetos nas portas e entram nas casas vazias. Em todas as casas em que entram, Tae-suk, como habitualmente, cozinha, faz as tarefas domésticas e arranja objectos estragados. Sun-hwa, ao ver isto, sente, pela primeira vez na vida, o conforto de uma casa. Tae-suk vê Sun-hwa gradualmente a sorrir de novo e começa, lentamente, a gostar dela. Cada um sente no outro a dor e a solidão e acabam por se apaixonar.
Mas, um dia, entram numa outra casa e descobrem o corpo morto de um idoso. Tae-suk e Sun- hwa enterram o corpo num ritual muito respeitoso, e começam a viver na casa do velho como se fosse sua. Mas os seus dias de felicidade chegam ao fim quando o filho do velho aparece para uma visita surpresa. Chama a polícia que leva dali Tae-suk e Sun-hwa.
Tae-suk é acusado de homicídio, assalto de propriedade alheia e rapto, e Sun-hwa é levada, contra a sua vontade, para o marido e regressa à sua miserável vida de casada. Sun-hwa aguarda apenas pelo dia em que Tae-suk seja libertado. Enquanto está na prisão, Tae-suk arranja uma forma secreta de fazer regressar as alegrias que ele e Sun-hwa um dia tiveram?
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