1 de junho de 2006

Cruz


(foto by MySelf)


Amo-te, ó cruz, no vértice firmada
De esplêndidas igrejas;
Amo-te quando, à noite, sobre a campa,
Junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,
As preces te rodeiam;
Amo-te, quando em préstito festivo
As multidões te hasteiam;
Amo-te, erguida no cruzeiro antigo,
No adro do presbitério,
Ou quando o morto, impressa no ataúde,
Guias ao cemitério!
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a terra
Do assassinado o pó!


em A Cruz Mutilada
Alexandre Herculano

1 comentário:

Littlejohn disse...

Tanto se poderia dizer à volta do tema Cruz e Amor... Por vezes o amor de um dia torna-se a cruz do dia seguinte... Outras, a cruz de um dia torna-se o amor do dia seguinte...
Beijos, gostei da fotografia e do texto...